Résumé : Neste artigo, pretendo examinar, de forma sucinta, algumas das dificuldades e condiç~oes de investigaç~ao com as quais eu fui confrontado ao longo de minhas pesquisas etnográficas nesses últimos anos, partindo da hipótese de que elas podem nos esclarecer sobre a natureza da situaç~ao e da relaç~ao etnográfica, bem como sobre o processo de pesquisa e de conhecimento que está em jogo. Se esta reflex~ao é necessariamente ligada à especificidade de minha experiência etnográfica, as ideias aqui expostas dialogam com as ideias propostas na antropologia, na etnologia e na sociologia nesses últimos trinta anos. Questionando o dispositivo de conhecimento proposto pela antropologia por meio da observaç~ao participante e partindo do pressuposto de que, para o antropólogo, o objeto de pesquisa n~ao é neutro, mas, pelo contrário, se inscreve dentro de um percurso pessoal e um projeto específico, este artigo deseja demonstrar que é possível sair da oposiç~ao estéril entre objetividade e subjetividade na experiência de pesquisa antropológica e ensaiar uma reconciliaç~ao entre a "pureza" dos dados colhidos na investigaç~ao e o envolvimento necessário do pesquisador em seu campo de pesquisa. Este artigo tentará responder à quest~ao de saber como romper, n~ao só intelectualmente, mas também concretamente com o dogma da pureza dos dados da investigaç~ao e do que fazer de seu engajamento e de seu lugar no campo de pesquisa.